sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

de ar e de brisa

DE AR E DE BRISA  

Minha alma carece de brisa
Que  tanja o espectro da mesmice
Minha vida precisa de sopro do ar
Que  alcance a esperança e
Traga ordem aos pensamentos.
Meus sonhos carecem de suaves bafejos,
Que desfaçam a turbulência dos pesadelos,
Portando-os para o limiar do irreal,
Para que  não sejam tão assustadores,
e nem   tão próximos!

Na tempestade
A cabeça de vento voa em desalinho,
No torvelinho, a essência,
Do que nela foi estabelecido.

Penso, e o tufão da minha vontade
Invade, quebrando a monotonia
Dessa espiral sem fim.
Ora transcendendo,
Ora transformando,
Ora transgredindo
As leis preconizadas, anos a fio,
 Imposta a essa mulher, que só deseja ser feliz.
Ter uma canoa para subir o rio
E chegar, logo mais, à tarde, a seu destino.




Dulce Out-2003


quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

saber de claros , de escuros e de vácuos



                                                    Saber de claros, de escuros, e de vácuos


                                                                   Corro a varanda
                                                            para ler notícias do mundo
                                                           e no céu azul escuro da noite,
                                                           saber de estrelas, de nuvens,
                                                           claros, escuros e de vácuos...
                                                           contornar com os olhos,a lua
                                                           crescente ou será   minguante?  
                                                           se lua nova  mover-se linda
                                                           e se cheia, para quem se insinua...

                                                           Toco o gradil com o tato de frio,
                                                           nas  pontas dos dedos um arrepio,
                                                           os pés se grudam firmes no ladrilho
                                                           e os olhos se perdem no intenso brilho
                                                           ao cruzarem  estrelas...
  

                                                         As nuvens brancas se esgarçam                                                                                     escondem mistérios telúricos,
                                                          destes pensamentos, aves do ar
                                                                    que quanto mais ativos
mais se distanciam e esvoaçam...

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

esse caminhar


  esse caminhar
Sobre a vida
Tal  como se fosse
 Sobre  mil livros
Com suas histórias
Seus começos
Seus tropeços
Seus fins e o continuar...
sente –se de repente
que cada
 página virada
 foi movida à força
 da ponta de dedos
 molhados na língua,
 vira vida, existe.
  
A rajada de vento
  provoca rumores,
em cada página,
vira passado, vira memória
 e soa como interlúdio:
 o instante...
 não  cala,
o que dizem as entrelinhas,
a vida captura,
  e continua soando,
no aluvião de folhas...


            

domingo, 18 de dezembro de 2011

amar é

é reconhecer-se
em qualquer  escalada
que o amor não recusou
 deixar fluir pelas ruas
sentindo mais que vendo
 as nervuras do sentimentos
e inebriada e  tonta
Percorrer o caminho
Em todos os sentidos,
Indo ou voltando
ou em cima das pegadas antigas
acender o sulco já feito
inventando , descobrindo,
e amar em todas as possibilidades
inventadas e descobertas.
o amor precisa de água ,
de fogo, de ar e de razões...

requer  astúcia:
guarda-lo no bolso do colete
para uma emergência existencial
saca-lo em benefício dele mesmo
em meio
 da  noite ou de auroras

sábado, 17 de dezembro de 2011

recolhendo estrelas



Cai a tarde
A serenidade da hora
Invade a terra.
Como um pálio
Envolve toda a natureza,
os sons entardecem.
Despe-se do bronze
O canto da juriti,
em bando se recolhe,
Num lugar qualquer,
Sob o céu cor-de-rosa,
Rendado em  nuvens




Mãos de cirros,
Catam em feixes
Os últimos raios de sol
                                          Deixados na pressa
e a hora distraída vai
Recolhendo estrelas,
Para suavemente
 emprestar vida ao céu,                            
e luminiscência à  noite ...

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

gotas de palavras

...entre a vida e eu, 
há um fino vidro, 
 por mais que a veja
   não posso tocá-la

Fernando Pessoa

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

releitura



Fui zinco,
fui cobre,
fui barro,
hoje, palha macia,
deixo-me vazar pela trama do irracional.
Sem a medida impactante de teoremas,
deixo-me varar pelos raios de sol
em todo o seu esplendor
e côo o luar
da silenciosa noite
e inconfessáveis segredos.

dezembro


Dezembro
 
É dezembro.
sendo  dezembro traz nos
raios de última saudade,
toda  a esperança de primeiro;
E no renascer diário, um recomeço.

Trazes ao meu coração, um verso novo,
Ao poema, um sopro de anjos,
Ao meu caminho, a estrela-guia.

Leva-me, dezembro,
Ao advento, à espera, à vinda.
Ao mundo, a perspectiva de paz.
Grava na retina,
onde baila a humanidade,
uma manjedoura de amores,
abrigando o espírito fraternal

e, o amor sublime  de Jesus
se repita em cada oração,
e  em todas as noites de Natal .

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

a vida um sorvete de pistache


...ao despertares
e já bem  atento
logo vês, que do mundo
nada sabes
e das  voltas
que o mundo dá
em torno de ti ...
mas ao teu lado
o outro é cruel
o tempo implacável



-e a vida ,um sorvete de pistache
numa tarde de sol -


é melhor sorvê-lo antes que acabe em si mesmo...

domingo, 20 de novembro de 2011

fragmento

...quando dormires, 
diz pra teu sono 
do sonho possível,
aquele aguardado
 na esquina, mas
 tão esquecido 
em frágil amuleto

Bom dia, sagitariana


Bom dia, sagitariana
                À Socorro Borba
           
           Uma velha  amizade
que se reinventa
em postagens (de blogs )
modernas, rápidas,
novo,  modelo inteiriço,
 simulacro do- sempre  eterno-
brandindo em teclas frias,
high tec  demais
 para os padrões
de uma amizade de 40 anos...
construída  na cumplicidade
                dos silêncios
na generosidade
                da mão estendida
no bom sorrir
e no escancarar as feridas,
no sentir explícito
                das queixas e queixumes,
na verdade
                dos sentimentos
na  clareza
                de um dia de sol mais claro,
aquecendo, cuidando
 para estreitar
em fortes laços, a amizade,
 sem hipocrisias ou disfarces
Que bom!
Em poder  ser assim
enquanto estivermos
 cumprindo o nosso
 tempo astral, mesmo
 na confusão das muletas.
Que bom prevalecer-me
            com primazia
desta nossa trajetória
e poder  te dar
Meus Parabéns,
(mesmo que falte 5 dias kkkkk )

Com a Bênção e a  Graça de Deus!

domingo, 13 de novembro de 2011

entendendo


...entender o amor
é deixar-se   gravar
a ferro e fogo, o coração.
É alimentar o hoje
com o  néctar sobrado
em cada naco da história.
Ter  sentido a brisa,  
crispar-lhe a pele,
 os poro e os pelos,
ter a ventura arrebatada
e sem ar e sem fôlego,
entregar-se ao  arrepio
que não fingiu ser de frio
o que fluiu nas prazerosas
veredas dos sentidos,
é curvar-se rendida...

natureza ameaçada



                        Num tear de juta
                        teci palavras de seda
                        infladas velas ao vento
                        para quem se importa
                        com rendas delicadas
                        e ainda vê um  poema
                        mesmo em rios de areia
                        em árvores tombadas
                        flores de plástico
                        aves que  emigram
                        peixes que minguam
                        corais dizimados
                        jacarés no asfalto
                        buscando abrigo...
                       
                        no deserto, tecido de juta,
                        palavras de seda sibiladas
                        soam como lira
                        numa harpa de poesia
                        - a dor do descaso...    
                        

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

"As árvores são palavras que a terra escreve  para o céu.
Nós as derrubamos e as transformamos  
em papel para registrar todo o nosso  vazio."
                          
  Khalil Gibran

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Vento viajante

Um rio, caminho aberto,
Margem,um porto aliciante,
Um barco trêmulo e esperto
Do vento, viajante.

Barquinho, leva contigo
O que sobra no alforje
Das tristezas
Cerzidas em tantos anseios
E, em troca, devolve-me
A serenidade que sobra
Na fluidez de tuas velas,
                                                                                     onde tudo se faz leve

domingo, 6 de novembro de 2011

reflexões e marés

Refletindo em marés

 O vento
 aluiu a palha
 dourada do capinzal
 que oferecia
 leveza e lucidez
 ao balanço de cílios
 abismados
 no que via

O vento
aluiu as marés
refletindo em ondas
e conhas
águas e espumas,
destravando de vez
mares indecisos,
baías tranquilas
e num só instante
respigava espanto
no coral de ideias
que, mesmo mudo,
e contra o mundo
ainda se atrevia.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Évora

Alguem me lê em Évora
Nunca pude acreditar que alguém com o Atlântico a nos separar pudesse me ler, sem ter um livro meu publicado em suas mãos .Acho surpreendente e um pouco assustador, pois o mundo é o próprio livro aberto . As tênues teias, que nos unem na virtualidade do espaço, são mais interessantes do que aquelas em que se  penduram em sua rotina de  aranha, muito antes de tudo.
 As redes sociais hoje, são cantadas e as vezes tão endeusadas em detrimento áquele que se ombreia conosco, dia a dia. Alguem em Évora  fez-me caminhar por um caminho, (antes só o nome Évora  me fascinava pela sonoridade, exotismo e por uma Évora de voz cristalina e caliemte.) tão meu desconhecido, mas que me atraia. A curiosidade é  uma aliada que encontrei para derrubar as barreiras erguidas pela velocidade deste  tempo que não se conta em dias meses e anos mas em kilobytes,  usando a ironia como traço
Fui ao Google , vi Évora! E pensei em algum lugar alguém me leu,
pôs os olhos em meus versos , os fizeram caminheiro do Atlântico,  me deixou pequena , leve como um capucho  de algodão. Emocionada e feliz.
Subi o Alentejo de milenares histórias,quase ouvi barulhinho da água e sua importância ascendeu uma lanterna sobre outras histórias do país
que nos foi dado como nosso descobridor. 
Segui pelas belas ruas de Évora ,vi o PaçoDucal de Vila Viçosa,
O templo de Diana  séc.I AC ,Arraiolos e seu castelo, passei a dar valor aos tapetes arraiolos ,  creditei-lhe  tempo  na contemplação.Vi muito mais  e tudo que vi não dá para descrever só quando eu for e tocar as árvores, as paredes , as pedras ,as colunas de uma das mais belas cidade do mundo,
 garanto que  vou agradecer a alguém que me leu em Évora

            pense

        Deus nos concede
a cada dia Uma página  de vida
        nova no livro do tempo.
    Aquilo que colocamos nela,
         corre por nossa conta

             Chico Xavier

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

 O som de pardais


Manhã de finados,
nos pios de pardais,
tem o tom da lembrança
eles, em bando cercam
a minha árvore,
a minha janela,
a minha saudade
e pintam de sorrisos
a distância
-  o som de pardais-

dulce cavalcante

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Dulce
me instalei  prá contemplar
os teus versos,
relaxei na hospedaria da beleza
dos teus sentimentos
elementos que são da natureza.
Bricas com pássaros
água,vento,lua,rio,
estrelas,tempo, terra...
Falas de flores,
falas de moinhos(dos teus segredos)
fragmentos de tudo.
Tudo é feito de pedaços, de nacos , partes,
nada é total
tens o intuito
de provocar nossa imaginação
só é total a soma da beleza
que nos atinge o coração dos teus versos.
Tudo é belo,tudo é rico, tudo é doce
tudo é Dulce

E-mail  me enviado por Socorro Borba

sábado, 29 de outubro de 2011

               ANJO  INSONE   

                                 (...) quando nas madrugadas
                                 estrelas se encontram
                                 são diamantes lapidados
no andar das horas.
Fervem nas mãos
a dança dos ponteiros,
busca nos olhos da mulher,
um vaga-lume ...

Quando nas madrugadas,
a escuridão tinge-se de lua...
Entre os dedos agitados
os cristais do desejo
buscam nos braços da  mulher,
o calor 
só encontram
          um anjo
           de olhar insone...

       

                

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

nacos de luz

Quando encontrares
pedaços de lua
nacos de luz
incandescência
derramada
a beira de um rio
trate tomar para si
apodere-se deles
poucas vezes
encontramos assim
derramados
 pedaços de lua
nacos de luz

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

fragmentos

...e tu
aprendiz da vida
entre idas e vindas
entre o céu e a terra
te divides...

...e o tempo
aprendiz do vento
nunca se finda...

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Moinho de segredos

Águas que moveram moinhos ,
ventos que desnudaram estrelas,
Sóis  aquecendo os meus caminhos.
palavras não se deram a nenhum papel,
apenas foram cambiadas
para pensamentos que soube
urdi-las  em segredos.
O movimento do moinho da vida
 sabiam desvendá-los
Mas os tormentos não sabiam
o que fazer com os segredos já desvendados
    dulce cavalcante

carta à Lúcia

Carta á Lucia

Vamos combinar
Tu ainda precisas de muito tempo
para arrancar das margaridas toda
alegria que elas podem te dar;

Tu tens que alimentar colibris, então cultivas jardins. Tens que voltar a Gramado e rever as hortências. Olhar novamente num Van Gogh os girassóis inconfundíveis e buscar num Monet,os nenúfares e toda a quietude ;

Penses, pausadamente, numa folha que cai da árvore e vai se juntar a tantas outras e formar um tapete mágico de tons e movimento, preparado para teu outono existencial;

Esqueças o mundo por um momento,
deixe se levar pela música do Ivan
e saias Vitoriosa desta batalha desigual;

Precisas dançar um tango imaginário,
só ou acompanhada,mas livre de vícios, de atitudes negativas,de medos e de vazios
E nua, possas revalidar suas escolhas;

Não permitas que um imbecil, branco, fino,
neurastênico, cheio de nicotina e empáfia,
te corroas, te devores ; logo tu tão cheia de personalidade e determinação;

Tu ainda tens que ouvir a chuva em muitos invernos!
Meditar nessas manhãs molhadas e cantantes, ver uma poça d’água, trêmula, se entregar a chuva num desapego incondicional.

É assim que deves fazer, vamos combinar...

Um beijo e o meu melhor pensamento de amor,
 Dulce.

velocidade

                  Velocidade  


Preso ao vento errante
O cavaleiro andante voa                   
A leve pressão dos dedos,
Nem a mais forte,
Impõem domínio,
Ao livre ginete do pensamento.
.
Não há pés no estribo
A cecear-lhe os caminhos.
A espora e o constate fustigar
Não o amedronta,
Mesmo ao lancinar
Uma  antiga ferida.
.
a velocidade  do pensamento,
Quem a deterá,
Nas curvas e na temeridade dos aclives?
A cancela dos sonhos,
Deixando ir-se o medo?
Por certo estará  presa
a inviolável  perplexidade
dos segredos...

- E tudo que seja breve
Será apenas breve!


Do alto dos montes

Nas alturas a mesa está posta para vocês
Quem vive mais perto das estrelas,
Tão perto dos sombrios abismos?
Que reino seria mais vasto que o meu?
E de meu mel - quem dele provou?

              Versos de Nietzsche
             epílogo do livro: Alem do bem e do mal

sábado, 15 de outubro de 2011

Pela mão

   Pela mão

no céu que me espiava
ia a lua cor de rosa,
levando pela mão
uma estrela
...e era minguante o luar.
o céu que me espiava
levava pela mão
a minha alma ,
dobradura de papel,
flor de origami...
e descubro o quanto
 era minguante
o sonhar

Tempo tempo tempo...


Há um tempo
que não se conta em dias
em meses,em anos em décadas
mas em cada minuto,
batendo fundo
como uma baqueta no tambor.
assim teu coração
soa uníssono
e são elos de uma corrente
onde se entremeia o tempo
passatempo preferido
da vida é deixar o fardo do passado
leve como a lembrança
e trazer o tardo futuro
próximo a ti como um sonho!
e ao teu alcance a esperança,
presente a vida ...





Há um tempo que corre em disparada
e se te alcança certeiro te lança
contra o sol do meio dia
e se acossado
te esmaga em segundo
não te  socorre
no despenhadeiro das horas!