terça-feira, 28 de fevereiro de 2012


um vaga-lume à toa







Nas mãos,
A dança dos ponteiros
Nos olhos da mulher
Um vaga-lume indócil.

Nas mãos,
A travessia noturna,
Nos olhos da mulher
Um vaga-lume imóvel.

Nas mãos,
O desatino  e o alento
Nos olhos da mulher
Transita um vaga-lume inútil.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

                         
               O artesão


O seu olhar não está perdido.
                As mãos já trêmulas
                  criam asas e o fio de ouro
em filigranas voa...


sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

                                                             simplicidade
                                                   
                                                       Nunca será fácil ser simples;
                                        hoje, costuma-se dizer que o mais é menos,
                                     mas não é fácil usar essa máxima como diretriz,
sem descambarmos para o vulgar,
para o feio, o roto,
para o cru,
para o inacabado,
ou simplesmente para um engendro infeliz.
ser  simples é a grande sacada do século XXI .
precisa -se urgentemente deste artifício
e mais ainda, usa-lo com a sabedoria
dos profetas,
dos anjos,
do andarilho,
dos tolos e dos palhaços
eles sabem de beleza e do ser simples
para  proveito inestimável  dos poetas !
a  simplicidade
é o lugar onde a beleza se hospeda,
é de lá que acena a liberdade!






O que  castra a vontade
De um viver diferente
É estar imersa
Nesta rotina massacrante..

Busque um novo pensar,
Novas roupagens,
Reluzentes adereços
Tudo combinando
Ou que não tenha nada a ver.
Dê sumiço àquela velha caixa
De guardados em série
E marque no calendário
Uma novidade.
Vale o que seja:
            Hoje não calarei os absurdos:
           quebrarei elos das convenções
            Ao  meio-dia , no meio da festa,
            da desordem, em meio a tudo.
            E neste  dia farei coisas que não fiz.
           
             Seguirei a risca
            Da lista que inventarei 
            Para ser feliz:
           
            De ínfimos,
            Íntimos
            e infinitos pecados...

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012


....ser   ...ter

procurando ser não mais
o brilho que  incendeia
a trilha que  entremeia
com qualquer garrancho

não ser a moeda que escapa
não ter a perna que treme
a boca que balbucia
para um vento que ouve e cala

ter o vestido amarrotado de andanças
ser o sapato fujão de outras terras
e ter uma  folha de papel em branco
 ao alcance 
dos 
pensamentos.
ser a mão lúcida que acata
e nunca se fecha a qualquer  tranca,
a qualquer idéia, falsa ou franca,
a poesia que se apresenta
seja como for

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012


Poesia à Flor da Rua

                                                      Lá em baixo,
Numa esquina qualquer,
                                                      Em avançada hora,
Um homem se move.
Não vejo os seus olhos,
Mas presumo o encantamento
Diante do rico lixo ali achado...
EInvisível, na noite negra,
Um brilho passa ao largo
 não o captura..
A luz não reflete sua alma,










Nem tampouco
Canaliza seus sonhos.
Hoje, vale mais o que faz,
Sem pressa, em inabalável fé.
Nesse gesto, nessa busca, nessa faina,             
Troca de lugar
 Repara,
 Repassa ,
 Separa,
O que presta amassa,
Torna a separar, armazena.
As mãos nuas
Desconhecem o perigo
E os dedos ágeis,
Na gosma que goteja,
Tateiam por tesouros inusitados,
Percebidos apenas
Pelo faro da fome e da miséria.
As horas andam. e,
Mecanicamente, o homem
As segue,catando o que lhe  convém
Em uma oração silenciosa
Vibradas pelo coração
Auscultando o meio da noite,
Tão somente tempo e espaço
Nada mais há para tocar.
A mente do homem,
Cabeça baixa,
Nariz calejado,
Vai em frente...
No barraco mulher e filharada
Aguardam o pão-de-minuto
Em minuto concebido arrancado
Das entranhas da solidão,
                                                      Banhado de suor e lágrimas