Amor-
outonal
Falta, hoje, a ti
O viver de alguém
Que te aqueça o lado,
Um roçar de pés
Num lastro de madeira ou palha,
Em resvalos de carícias e desejos.
À sombra, os dias
Que por aqui passaram
Vararam madrugadas,
Deixaram auroras mornas,
Largadas noites entre lençóis,
Beijos, sobrando entre dedos,
Que não sabiam de bocas famintas.
Quem disse
Que o amor tem idade?
Em qual estação de trem
Chega, para alguem, o amor outonal?
Em qual muro branco de cal
Está escrito em carmim,
Que nada mais lhe diz
Do desejo, do cheiro, do amor?
O
bem-querer que
Segurou
tuas mãos, no frio,
Atravessou
primaveras cálidas,
Desnudou-se
em verdes verões,
Jamais
deveria faltar no outono...
Não a
ti!