Poesia à Flor da Rua
Numa esquina qualquer,
Em avançada
hora,
Um homem se move.
Não vejo os seus olhos,
Mas presumo o encantamento
Diante do rico lixo ali achado...
Invisível, na noite negra,
Um brilho passa ao largo
E não o captura..
A luz não reflete sua alma,
Nem tampouco
Canaliza seus sonhos.
Hoje, vale mais o que faz,
Sem pressa, em inabalável fé.
Nesse gesto, nessa busca, nessa faina,
Troca de lugar
Repara,
Repassa ,
Separa,
O que presta amassa,
Torna a separar, armazena.
As mãos nuas
Desconhecem o perigo
E os dedos ágeis,
Na gosma que goteja,
Tateiam por tesouros inusitados,
Percebidos apenas
Pelo faro da fome e da miséria.
As horas andam. e,
Mecanicamente, o homem
As segue,catando o que lhe convém
Em uma oração silenciosa
Vibradas pelo coração
Auscultando o meio da noite,
Tão somente tempo e espaço
Nada mais há para tocar.
A mente do homem,
Cabeça baixa,
Nariz calejado,
Vai em frente...
No barraco mulher e filharada
Aguardam o pão-de-minuto
Em minuto concebido arrancado
Das entranhas da solidão,
Banhado de suor e lágrimas.
Que situação bem descrita! Duelando com a triste realidade o encantamento dos seus versos, numa narrativa tão real quanto a vida de um transformador de materiais que não aceita mais ser chamado de catador.
ResponderExcluirBis.
Socorro Borba
Só posso agradecer palqavrras tão tocantes,Minha amiga vc é demais!!!!!!
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