sábado, 7 de janeiro de 2012

a orquídea e o orvalho

É tarde
O poema nasceu velho.
Filho temporão
Escapou da prisão,
Desviou-se das soleiras,
Preferindo escalar  janelas,
Chegou cansado.
Depois de ter percorrido
 tantas luas,
Umedeceu os cabelos nas gotas de orvalho -
De tantas, que os embranquecera
No corrosivo líquido cristalino do tempo.


Os versos
 não se deram conta
Do menino que os acompanhou
E envelheceu com eles.
Quando  menino não sabia:
      dos ocasos
      dos erros
      das lendas
      decifrar enigmas
      desconhecia as    
                borboletas
               e os bem-te-vis
                             
não entendia o pensar das madrugadas,
Não sabia da primavera numa única flor,
A orquídea, era só um mito inatingível.
E a vida, uma forma imutável de viver

                  Dulce 2004

2 comentários:

  1. Dulce, as palavras sempre se rendem ao talento das tuas mãos!
    Que delícia poder te ler nesta manhã de sábado!
    beijos,

    Valdenia

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  2. Vózinha... Tinha que entrar no blog para deixar de ser uma neta desnaturada, e tive uma surpresa muito boa, achei o blog lindo e super criativo. Parabéns por ser essa mulher que me serve de exemplo por ser tão criativa e inteligente... Beijo Érica

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