domingo, 31 de agosto de 2014

Desequilíbrio da marcha

Olhando  teus pés
 vi que as  noite e os dias
trabalharam no silencioso
 arcabouço das horas.
Traçaram  no vagar 
a decadente caminhada
derradeira e incansável.
O que te fizeram  os  pés
para carregar este peso
e desaminhar  no equilíbrio ?

O que te levaram  os  pés
enveredar-se numa marcha
cambiante  e irreversível,
ignorando o vértice dominante?
Por certo as varizes
fizeram  a sua parte,
trocando a juventude
em  cicratizes sem regresso.
O vigor destemperou-se
em  quedas  necessárias
para continuares vivendo.

Não deixe  a cabeça ficar  vendo navios
 através de despetalado resultado
do tempo versus- vida
 ou será vida versus -morte a  se aviar.
Vê-se a flor que murcha ,
E despetalada  cai,
Pelas calçadas                               Dulce Cavalcante



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