quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Aprendendo a pertencer a INTERNET.


Nasci muitos anos  antes da era digital, e dessa caixa de segredo chamada  micro computador. O que se tinha mais próximo, falo por mim , era uma caixinha de música com delicada bailarina, rodopiando em pontas de pés . Era de  fácil  manuseio em sua despretensiosa simplicidade, fascinava  a todos.
Hoje, diante dessa outra caixa, muito  mais elaborada, pensei não ser capaz ou conseguir  mexer  em algo parecido. Depois de erros e acertos, descobri que sou capaz . Diante desse computador sou um instrumento inadequado procurando a duras penas se adequar . Logo eu, para quem qualquer aparelho com mais de quatro botões, na maioria da vezes,  alucina, e tira do sério, imagine  esse, com mil botões multiplicados  por mil possibilidades e que ainda  muito me encanta.
      Esse  encantamento é um estado de graça fabuloso,  instiga-me a buscar atalhos quando as  barreiras se mostram intransponíveis;  dá paixão necessária à busca de descobertas   para intrincadas   dificuldades; envolve-me em sua rede  de malhas a qual fico virtualmente presa. Parece equipar-me com um bom par de asas e todo um aparato de vôo,  milhares de pistas  prontas para aterrissagem, indo e vindo donde vier. É assustador e ao mesmo tempo maravilhoso.
    Antigamente,“corre à boca pequena” era uma expressão que correspondia exatamente dizer : já está na boca do povo . A boa ou má fama está lançada, não as dominamos mais.Desse modo é como sentimos o efeito da Internet nos dias atuais, em nossa vida  particular.  Ficamos atados  e ao mesmo tempo, livres,dentro e perifericamente  afastados. Estamos em todo canto, em toda parte,em qualquer lugar. É um paradoxo, a bem da verdade,muito intrigante. ” Já está na Internet”, aí eu entendi , significava está no ar, no espaço entre a terra e as galáxias .Nem estrelas, nem andorinhas a incomoda. Somos uma folha,  levada pelo  vento que sopra em todas as direções e que nos leva no aluvião de outras tantas . Não nos perdemos diante da exposição exagerada e caótica  de nossa frágil  intimidade rompida, ao contrário, integramos a  poderosa  rede  da privacidade coletiva  degradada, idiotizada em seus direitos (às vezes) mais sagrados .
Enfim, nos rendemos  a esse meio de comunicação, que nos foge a lógica, sendo lógica pura, envolto em fios invisíveis da tecnologia de ponta  que se esmera  em  nos agregar, nos expor, nos manter atados e antenados. Enlaçados uns aos outros para sempre. Uma enorme teia  social  de tentáculos mordentes, a nos unir sem preconceitos, sem limites, sem freios.
Caímos  na INTERNET inexoravelmente.



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