Nasci muitos anos antes da era digital, e dessa caixa de segredo
chamada micro computador. O que se tinha
mais próximo, falo por mim , era uma caixinha de música com delicada bailarina,
rodopiando em pontas de pés . Era de
fácil manuseio em sua despretensiosa
simplicidade, fascinava a todos.
Hoje,
diante dessa outra caixa, muito mais
elaborada, pensei não ser capaz ou conseguir mexer
em algo parecido. Depois de erros e acertos, descobri que sou capaz .
Diante desse computador sou um instrumento inadequado procurando a duras penas
se adequar . Logo eu, para quem qualquer aparelho com mais de quatro botões, na
maioria da vezes, alucina, e tira do
sério, imagine esse, com mil botões
multiplicados por mil possibilidades e
que ainda muito me encanta.
Esse
encantamento é um estado de graça fabuloso, instiga-me a buscar atalhos quando as barreiras se mostram intransponíveis; dá paixão necessária à busca de
descobertas para intrincadas dificuldades; envolve-me em sua rede de malhas a qual fico virtualmente presa.
Parece equipar-me com um bom par de asas e todo um aparato de vôo, milhares de pistas prontas para aterrissagem, indo e vindo donde
vier. É assustador e ao mesmo tempo maravilhoso.
Antigamente,“corre à boca pequena” era uma
expressão que correspondia exatamente dizer : já está na boca do povo . A boa
ou má fama está lançada, não as dominamos mais.Desse modo é como sentimos o
efeito da Internet nos dias atuais, em nossa vida particular.
Ficamos atados e ao mesmo tempo,
livres,dentro e perifericamente
afastados. Estamos em todo canto, em toda parte,em qualquer lugar. É um
paradoxo, a bem da verdade,muito intrigante. ” Já está na Internet”, aí eu
entendi , significava está no ar, no espaço entre a terra e as galáxias .Nem
estrelas, nem andorinhas a incomoda. Somos uma folha, levada pelo
vento que sopra em todas as direções e que nos leva no aluvião de outras
tantas . Não nos perdemos diante da exposição exagerada e caótica de nossa frágil intimidade rompida, ao contrário, integramos
a poderosa rede da
privacidade coletiva degradada,
idiotizada em seus direitos (às vezes) mais sagrados .
Enfim,
nos rendemos a esse meio de comunicação,
que nos foge a lógica, sendo lógica pura, envolto em fios invisíveis da
tecnologia de ponta que se esmera em nos
agregar, nos expor, nos manter atados e antenados. Enlaçados uns aos outros
para sempre. Uma enorme teia social de tentáculos mordentes, a nos unir sem
preconceitos, sem limites, sem freios.
Caímos
na INTERNET inexoravelmente.
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