terça-feira, 17 de setembro de 2013

A primavera em um setembro que lembro

Ah!  primavera de setembro.
Eu lembro a flor amarela
quando surge efêmera e bela
aqui e acolá derramando cor
na vestidura gris da caatinga.

Ela invade a dor cinza do asfalto,
nesta estrada inalterada ,
que serpenteia pelo chão,
coberta de piche e solidão.

Assim, a preseguir um sonho 
que nem lembro.Nem mesmo
é a mesma flor amarela
ornando a primavera 
do mesmo setembro,
nem estou na mesma janela!


terça-feira, 16 de julho de 2013

   Com Amor


...Eu me permiti
com muito amor
ser mel e ser flor
no azul do teu céu
e viver mil noites
enluaradas
e sentir mil manhãs
ensolaradas
na pele de  desejos
madrugados
que não dei  conta... 
E na boca ainda
molhada
de beijos tantos

que nem contei...

domingo, 7 de julho de 2013

écran


Há saudade  no écran 
da  paisagem  noturna,
nascida  como  sobra de gestos
 esquecida de dizer adeus
                          Dulce Cavalcante

aquarela da  Louise   Félix




           

quarta-feira, 3 de julho de 2013

vivo

vivo

...e
 olho de busca
abre caminho para  pés cansados
e pegadas tortas...
a boca tem fome do novo
e desce goela abaixo
velhos teoremas
a mão afoita
cerra o gesto alquebrado
adormecido no nascedouro...
apenas o coração voluntarioso
 bate forte em tambores de guerra
 um pulmão mais denso
 inspira a conspiração mais boba...
e a voz solta, desenvolta mas inaudível
 alcança a ultima nota da canção...
 a palavra  se recria
num deserto de vontades
enquanto  desejos  esmaecem
no desenho do passado  
e o  pensamento é ave do mundo
e a alma ave da gente
voa solidão...
e

 vive

sábado, 8 de junho de 2013


...como a vida escreve





Não haverá nenhum beijo
 a selar dois desejos
não haverá dois gestos plenos
Não haverá mãos se unindo
a  tecer   fios da mesma trama
e construir a mesma ternura
não haverá alvo comum
atingido pela   mesma seta...
Nenhum olhar convergirá
 para o mesmo céu,
 mirando a mesma nuvem.
 Haverá dois mundos a separar
  pegadas em profundos desencontros
Como estava escrito
Ou como a vida escreve.


 dulce cavalcante

segunda-feira, 6 de maio de 2013






 Não encare como certeza 
              
 minha última afirmação
           
ela é passageira demais,



E eu. 

vivo  mudando as minhas certezas

 de lugar, de tempo, de modo.

Sei, que  viver não é uma  

forma imutável de viver

sábado, 27 de abril de 2013


     












...há  quem olhe, pare
e dê milho aos pombos.
Ombros curvados não são desculpas
para quem a vida não tem pressa...



domingo, 7 de abril de 2013


Como é delicado o tecido da manhã
Como é nítido o som que emana do azul
E como são incansáveis os passarinhos
 gosto de ouvi-los  no silêncio de mim...
 um solitário voo é revoada no sonho
 sonhos: sopro de brisa tangendo a vida...


sexta-feira, 5 de abril de 2013


Busca

amanheceu ...
 a  tristeza procura alento
mas neste momento
 só  busco   outras certezas...

aquele  pensamento,
arredio , também busca
 outras  certezas
e não se rende.
Com a alegria se entende
 com a paz negocia,
  à leveza se prende
e a tudo que com amor
 lá no fundo principia
e se dá bem...




quarta-feira, 3 de abril de 2013


 lua,  meia lua, anda

de sorriso largo

alcança  janelas

dança  na  varanda

onde se esquiva

linda cinderela

 rosto de boneca

 olhos de desejo

e garras afiadas.

terça-feira, 2 de abril de 2013


de conha e de areia

 olho o mar
e penso simples
sinto  simplicidade
de concha que sorri...

para mim
e pra quem sabe ler
 sorrisos  na areia
 de concha  que sorri....

leva-me  contigo
 e me  leva teu sorriso
dê a quem  mereça 
 o sorriso
 de concha que sorri...  

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Aprendendo a pertencer a INTERNET.


Nasci muitos anos  antes da era digital, e dessa caixa de segredo chamada  micro computador. O que se tinha mais próximo, falo por mim , era uma caixinha de música com delicada bailarina, rodopiando em pontas de pés . Era de  fácil  manuseio em sua despretensiosa simplicidade, fascinava  a todos.
Hoje, diante dessa outra caixa, muito  mais elaborada, pensei não ser capaz ou conseguir  mexer  em algo parecido. Depois de erros e acertos, descobri que sou capaz . Diante desse computador sou um instrumento inadequado procurando a duras penas se adequar . Logo eu, para quem qualquer aparelho com mais de quatro botões, na maioria da vezes,  alucina, e tira do sério, imagine  esse, com mil botões multiplicados  por mil possibilidades e que ainda  muito me encanta.
      Esse  encantamento é um estado de graça fabuloso,  instiga-me a buscar atalhos quando as  barreiras se mostram intransponíveis;  dá paixão necessária à busca de descobertas   para intrincadas   dificuldades; envolve-me em sua rede  de malhas a qual fico virtualmente presa. Parece equipar-me com um bom par de asas e todo um aparato de vôo,  milhares de pistas  prontas para aterrissagem, indo e vindo donde vier. É assustador e ao mesmo tempo maravilhoso.
    Antigamente,“corre à boca pequena” era uma expressão que correspondia exatamente dizer : já está na boca do povo . A boa ou má fama está lançada, não as dominamos mais.Desse modo é como sentimos o efeito da Internet nos dias atuais, em nossa vida  particular.  Ficamos atados  e ao mesmo tempo, livres,dentro e perifericamente  afastados. Estamos em todo canto, em toda parte,em qualquer lugar. É um paradoxo, a bem da verdade,muito intrigante. ” Já está na Internet”, aí eu entendi , significava está no ar, no espaço entre a terra e as galáxias .Nem estrelas, nem andorinhas a incomoda. Somos uma folha,  levada pelo  vento que sopra em todas as direções e que nos leva no aluvião de outras tantas . Não nos perdemos diante da exposição exagerada e caótica  de nossa frágil  intimidade rompida, ao contrário, integramos a  poderosa  rede  da privacidade coletiva  degradada, idiotizada em seus direitos (às vezes) mais sagrados .
Enfim, nos rendemos  a esse meio de comunicação, que nos foge a lógica, sendo lógica pura, envolto em fios invisíveis da tecnologia de ponta  que se esmera  em  nos agregar, nos expor, nos manter atados e antenados. Enlaçados uns aos outros para sempre. Uma enorme teia  social  de tentáculos mordentes, a nos unir sem preconceitos, sem limites, sem freios.
Caímos  na INTERNET inexoravelmente.



sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013



Flor aérea
 nascida de muro
e precisão

semente perdida
 encontrada no acaso
florescida sem razão.

 Teria  a persistência
de quem não desiste nunca...

  esta florzinha besta
 amparada
no branco cal
da invisibilidade.
serei eu ?

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013




Ao vento

Joguei meu caderno
Cor de abóbora
às borboletas,
Elas seguraram
por  instantes
um bando de letras
 que se desfaziam
E me devolveram
 uma canção suave
soletrada  
em  sonhos  tangíveis.
Palavra por palavra
espalhadas
 em amores possíveis.